O Amor Como Consequência
Sempre que converso com casais sobre casamento, gosto de lembrar de uma história que vivi e que me marcou profundamente.
Era um ensaio de bodas de ouro — 50 anos de casamento. Só essa marca já impressiona, né? Mas o que me encantou mesmo foi o jeito que aquele casal se tratava. Ele sempre chamava ela de “minha princesa”, estendia a mão para ajudá-la, dava beijinhos, abraçava com ternura… Um cuidado real, daqueles que a gente sente no ar.
Naquele dia, saí com o coração aquecido. Mas a história não parou ali. Tive o privilégio de conviver com eles por mais alguns dias — fui algumas vezes tomar café na casa deles. E nessas visitas, uma pergunta começou a me cutucar:
O que faz um casamento durar tanto tempo assim… e daquele jeito?
Será que é o amor que sustenta tudo isso?
Comecei a observar mais de perto. Será que eles não brigavam? Claro que sim. Vi pequenas discussões, como quando ela reclamou da lâmpada que ele ainda não tinha trocado, e ele respondeu na defensiva. Mas teve algo que me chamou atenção: em momento nenhum faltou respeito.
Mesmo nas discussões, não existiam ofensas — nem aquelas consideradas “bobas” como “você é chato”, “você não faz nada direito”, “seu lerdo”... Nada disso. Eles discutiam como quem se escuta. Cada um no seu momento, com sua razão, mas sem se atropelar, sem diminuir o outro.
E aí, uma luz acendeu dentro de mim.
O amor não é o que sustenta tudo isso. O amor é o resultado.
A consequência de algo muito mais profundo: o respeito e a admiração.
Era nítido. Quando um falava, o outro ouvia com brilho no olhar — mesmo que fosse a mesma história contada mil vezes. Havia um olhar de orgulho, de carinho, de reconhecimento.
E isso me fez repensar o que realmente importa num relacionamento.
Antes de tudo, vem o respeito:
– Respeitar os momentos do outro, inclusive o silêncio.
– Respeitar o tempo que o outro leva pra lidar com algo.
– Respeitar o jeito de ver o mundo, mesmo que diferente do seu.
– Respeitar as limitações, os medos, as inseguranças.
– Respeitar o espaço e até o caos do outro.
E junto com o respeito, vem a admiração. Quando a gente admira alguém, a gente cuida. A gente quer o bem, quer ver crescer, brilhar.
E aí, como consequência dessa base sólida, vêm outras coisas: o carinho, a cumplicidade, a paixão, o desejo, o tesão, o riso fácil, o aconchego… e sim, o amor.
Não um amor idealizado, perfeito, de conto de fadas. Mas um amor real. Feito de escolha, de presença, de construção.
E é isso que tento transmitir quando fotografo casais. Que a beleza está muito além da imagem — ela mora no gesto, no olhar, no respeito de um pelo outro.
Se eu puder desejar algo aos casais que passam pela minha vida, desejo isso:
Que vocês se respeitem profundamente. Que se admirem. Que escolham um ao outro todos os dias.
Porque o amor mesmo… vem depois. E é lindo demais quando chega assim.
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Comentários
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Joao
😍 Texto lindo
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